IVB é destaque da Revista Unicamp

  • 03 Outubro 2014

Por Juliana Ewers

In Vitro Brasil, de Mogi Mirim/SP, cresceu 25% ao ano nos últimos 5 anos aplicando 1% das receitas em desenvolvimento e inovação

Elevar o faturamento anual em 106% – passando de R$ 1,984 milhão, em 2007, para R$ 4,095 milhões, em 2008 – foi a primeira comprovação da In Vitro Brasil de que os investimentos em pesquisa eram o caminho para alavancar os negócios da companhia, fundada em 2002, em Mogi Mirim, interior de São Paulo, e que atua no ramo da biotecnologia de reprodução animal.

Passados seis anos, o Brasil ocupa hoje a liderança na produção in vitro de embriões bovinos, de acordo com os dados recentemente publicados pela Sociedade Internacional de Tecnologia de Embriões (IETS, sigla em inglês). No ano de 2012, foram 349.171 embriões produzidos no país. Em nível mundial, foram 443.533 embriões, sendo que a In Vitro Brasil contribuiu com 203 mil deles, ao somar a produção dos seus três laboratórios próprios e 13 afiliados nacionais com o que foi desenvolvido nos quatro laboratórios próprios e oito afiliados no exterior. Deste modo, atualmente, a empresa é a número um em produção de embriões FIV (fertilização in vitro), abocanhando 46% do market sharemundial. No ano passado, seu faturamento fechou em R$ 10,8 milhões. E, com 1% disso sendo aplicado na busca por inovações, a expectativa é de que os ganhos da companhia brasileira batam a casa dos R$ 15,6 milhões ao final de 2014.

“Para uma empresa de biotecnologia, esse tipo de investimento é fundamental. O grande salto que tivemos a partir de 2007 está diretamente relacionado às pesquisas”, afirma o diretor-presidente da In Vitro Brasil, José Henrique Fortes Pontes.

Andréa Basso, que é sócia da empresa e doutora em reprodução animal pela USP (Universidade de São Paulo), lembra que à época dos primeiros aportes foi decidida conjuntamente uma mudança no perfil comercial da companhia. “Passamos a focar o nosso setor comercial na criação de um novo mercado para embriões. Fizemos nossos clientes acreditarem que seria possível utilizar embriões em larga escala, até mesmo no lugar da inseminação artificial”, relata a profissional, que passou a integrar a equipe justamente para comandar os primeiros passos da In Vitro Brasil na área de P,D&I (Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação), ao lado da também doutora Christina Ferreira. “Com isso, o volume demandado foi crescendo exponencialmente e nós fomos evoluindo tecnicamente para atendê-lo. Logicamente, sem investir em pesquisa não seria possível atender essa demanda gerada. Nós desenvolvemos e aperfeiçoamos a tecnologia de produção de embriões, buscando sempre o aumento da produtividade”, completa.

A realidade do mercado de embriões FIV, na época em que a In Vitro Brasil abriu as portas, era em sua totalidade para gado de elite e de corte, direcionado à raça Nelore. Entre as limitações existentes estavam: o prazo máximo de oito horas para transporte de ovócitos e embriões, os resultados instáveis dos mesmos, e o fato de alguns meios como o de maturação – que hoje chega a ter validade superior a 60 dias – terem de ser feitos diariamente antes da saída das equipes de campo para as fazendas.

Com o desenvolvimento do setor de P,D&I da empresa, a In Vitro Brasil foi atrás de instituições de fomento como a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) para ter o suporte necessário e ir em busca de soluções.

O primeiro Programa Pipe/Fapesp (Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas) da In Vitro Brasil foi com a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em colaboração com o laboratório ThoMSon. O financiamento, no valor de R$ 75.540,00, viabilizou a pesquisa da utilização da espectrometria de massas para controle de qualidade de meios de cultivo e de soro fetal bovino empregado na produção in vitro de embriões bovinos. “Esse trabalho possibilitou grandes avanços na produção in vitro de embriões, entre eles: o estabelecimento de um prazo de validade de 90 dias para os meios de cultivo, possibilitando a sua utilização por outros laboratórios da área”, conta Andréa.

Além das instituições já citadas, a empresa tem projetos de pesquisa em parceria com a USP, Unesp (Universidade Estadual Paulista), UEL (Universidade Estadual de Londrina), UFPel (Universidade Federal de Pelotas), UF (Universidade da Flórida), Universidade McGill, do Canadá, e com o Instituto Biológico de São Paulo.

“Com o investimento em pesquisa e inovação, a própria tecnologia se modificou. Hoje trabalhamos com animais de alto potencial genético, porém em larga escala, com vistas ao volume diário de trabalho. Os custos por embrião também foram reduzidos e o produtor pode investir sem medo. Atualmente, produzimos até três vezes mais embriões por animal, se comparado a 2002”, afirma a sócia da empresa.

Além disso, foram desenvolvidos sistemas de produção que permitiram transportar embriões a longa distâncias, congelados ou não. E, em breve, a In Vitro Brasil também poderá vender embriões geneticamente caracterizados por meio de marcadores genéticos. “Por enxergarmos o mercado de maneira diferente, passamos a ter como público-alvo não mais os pecuaristas, exclusivamente, mas também as grandes empresas do setor, como cooperativas, laticínios e o próprio governo. Isso fez com que a empresa ganhasse cada vez mais escala na sua produção”, complementa Pontes.

Com o crescimento médio de 25% ao ano, verificado nos últimos cinco anos, há novidades no plano de negócios. Com o mercado nacional praticamente todo ocupado, a In Vitro Brasil decidiu expandir para o exterior, conta o diretor-presidente. “Em dois anos, pretendemos entrar no mercado asiático, abrindo filiais na China e na Índia”, diz.

Paralelamente a isso, a empresa tem se empenhado no estabelecimento de um protocolo de certificação sanitária para embriões produzidos in vitro, inexistente até o momento. O objetivo é ampliar os negócios e aumentar o crescimento das exportações de tecnologia genética brasileira. “Nossa ideia é seguir expandindo, principalmente em mercados novos”, conclui Pontes.

Fonte: Inovação Unicamp